quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Os Porteiros do Mundo

Você já se deu conta da importância daqueles que recebem os espíritos recém-chegados à Terra pelas portas da reencarnação?
Sim, falamos dos profissionais que realizam partos e seguram o bebê antes mesmo do que a própria mãe.
Há casos belíssimos e emocionantes contados por esses missionários que poderíamos chamar de "porteiros do mundo".
Um deles é do Dr. Eliezer Berenstein.
Conta ele que, quando era apenas estudante de medicina e preparava-se para fazer psiquiatria, foi encarregado de atender a uma paciente.
Assim que entrou na enfermaria e se apresentou, ela o surpreendeu com uma pergunta:
"O senhor nunca sorri?"
Essa cara amarrada é sinal de algum problema, disse com ar descontraído.
"Estou bem, obrigado".
A senhora é que deve estar com algum problema e, por isso, vim examiná-la", disse o futuro psiquiatra, já levantando o lençol e o avental que a cobriam".
"É recém-formado?, insistiu a enferma.
Por que? Perguntou preocupado.
É que estou nua, a porta está aberta e eu sou uma freira.
"Bem, mas não se preocupe com isso", insistiu o estudante para a irmã Madalena.
"Já fui parteira aqui neste hospital. Convivi com muitos médicos e sei reconhecer um bom profissional."
"O senhor será um ótimo parteiro".
O jovem médico corrigiu-a:
"Eu não vou fazer partos, serei psiquiatra e, agora, vou lhe dar um remedinho".
"O senhor tem mesmo um remédio para mim?
Os médicos já me desenganaram, meu tumor cresceu demais..."
Diz o doutor Berenstein que as palavras e o comportamento daquela freira o viraram do avesso.
No dia seguinte tirou a barba, que o deixava parecido com Freud, e decidiu que seria parteiro.
E quando foi contar a novidade à irmã Madalena, ela, com simplicidade e sabedoria, continuou a lhe dar grandes lições.
"O senhor tem mãos tanto para dar adeus quanto para dizer olá".
E tenha muito carinho com o primeiro parto que fizer, porque serei eu que estarei voltando".
Conta o doutor Berenstein que alguns tempo depois de formado fez seu primeiro parto.
Irmã Madalena já havia falecido.
Diz ele que chorou mais do que a criança, que era uma menina e acabou recebendo o nome de Madalena.
Daquele dia em diante ele não teve mais dúvida de que sua missão era ser parteiro.
Um "porteiro do mundo', como dizia a irmã Madalena.
Todo profissional que desempenha seu trabalho com seriedade e dedicação, é um colaborador de Deus.
Seja calejando as mãos na lavoura ou criando sistemas sofisticados de informática; limpando feridas ou construindo edifícios; fazendo a higiene das ruas ou cultivando jardins, todos somos peças importantes dessa grande nave que chamamos terra, e cujo administrador é Deus.

Equipe de Redação do Momento Espírita

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Casa Queimada

Um certo homem saiu em uma viagem de avião. Era um homem temente a Deus, e sabia que Deus o protegeria. Durante a viagem, quando sobrevoavam o mar um dos motores falhou e o piloto teve que fazer um pouso forçado no oceano. Quase todos morreram, mas o homem conseguiu agarrar-se a alguma coisa que o conservasse em cima da água. Ficou boiando à deriva durante muito tempo até que chegou a uma ilha não habitada.

Ao chegar à praia, cansado, porém vivo, agradeceu a Deus por este livramento maravilhoso da morte. Ele conseguiu se alimentar de peixes e ervas. Conseguiu derrubar algumas arvores e com muito esforço conseguiu construir uma casinha para ele. Não era bem uma casa, mas um abrigo tosco, com paus e folhas. Porém significava proteção. Ele ficou todo satisfeito e mais uma vez agradeceu a Deus, porque agora podia dormir sem medo dos animais selvagens que talvez pudessem existir na ilha.
Um dia, ele estava pescando e quando terminou, havia apanhado muitos peixes. Assim com comida abundante, estava satisfeito com o resultado da pesca. Porém, ao voltar-se na direção de sua casa, qual tamanha não foi sua decepção, ao ver sua casa toda incendiada. Ele se sentou em uma pedra chorando e dizendo em prantos:
"Deus! Como é que o Senhor podia deixar isto acontecer comigo? O Senhor sabe que eu preciso muito desta casa para poder me abrigar, e o Senhor deixou minha casa se queimar todinha. Deus, o Senhor não tem compaixão de mim?"
Neste mesmo momento uma mão pousou no seu ombro e ele ouviu uma voz dizendo:
"Vamos rapaz?"
Ele se virou para ver quem estava falando com ele, e qual não foi sua surpresa quando viu em sua frente um marinheiro todo fardado e dizendo:
"Vamos rapaz, nós viemos te buscar".
Mas como é possível? Como vocês souberam que eu estava aqui?"
"Ora, amigo! Vimos os seus sinais de fumaça pedindo socorro. O capitão ordenou que o navio parasse e me mandou vir lhe buscar naquele barco ali adiante."
Os dois entraram no barco e assim o homem foi para o navio que o levaria em segurança de volta para os seus entes queridos.
Quantas vezes nossa "casa se queima" e nós gritamos como aquele homem gritou? Em Romanos 8:28 lemos que todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus.
Às vezes, é muito difícil aceitar isto, mas é assim mesmo. É preciso crer e confiar!

Autor desconhecido

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

História de um Pão

Quando Barsabás, o tirano, demandou o reino da morte, buscou debalde reintegrar-se no grande palácio que lhe servira de residência.
A viúva, alegando infinita mágoa, desfizera-se da moradia, vendendo-Ihe os adornos.
Viu ele, então, baixelas e candelabros, telas e jarrões, tapetes e perfumes, jóias e relíquias, sob o martelo do leiloeiro, enquanto os filhos querelavam no tribunal, disputando a melhor parte da herança.
Ninguém lhe lembrava o nome, desde que não fosse para reclamar o ouro e a prata que doara a mordomos distintos.
E porque na memória de semelhantes amigos ele não passava, agora, de sombra, tentou o interesse afetivo de companheiros outros da infância...
Todavia, entre eles encontrou simplesmente a recordação dos próprios atos de malquerença e de usura.
Barsabás, entregou-se as lágrimas de tal modo, que a sombra lhe embargou, por fim, a visão, arrojando-o nas trevas.
Vagueou por muito tempo no nevoeiro, entre vozes acusadoras, até que um dia aprendeu a pedir na oração, e, como se a rogativa lhe servisse de bússola, embora caminhasse às escuras, eis que, de súbito, se lhe extingue a cegueira e ele vê, diante de seus passos, um santuário sublime, faiscante de luzes.
Milhões de estrelas e pétalas fulgurantes povoavam-no em todas as direções.
Barsabás, sem perceber, alcançara a Casa das Preces de Louvor, nas faixas inferiores do firmamento.
Não obstante deslumbrado, chorou, impulsivo, ante o Ministro Espiritual que o aguardava diante do pórtico.
Após ouvi-lo, generoso, o funcionário angélico falou sereno:
- Barsabás, cada fragmento luminoso que contemplas é uma prece de gratidão que subiu da Terra ...
- Ai de mim - soluçou o desventurado - eu jamais fiz o bem...
- Em verdade - prosseguiu a informante -, trazes contigo, em grandes sinais, o pranto e o sangue dos doentes e das viúvas, dos velhinhos e órfãos indefesos que despojaste, nos teus dias de invigilância e de crueldade; entretanto, tens aqui, em teu crédito, uma oração de louvor...
E apontou-lhe acanhada estrela, que brilhava a feição de pequenino disco solar.
- Há trinta e dois anos - disse, ainda, o instrutor -, deste um pão a uma criança e essa criança te agradeceu, em prece ao Senhor da Vida.
Chorando de alegria e consultando velhas lembranças, Barsabás perguntou:
- Jonakim, o enjeitado?
- Sim, ele mesmo - confirmou a missionário divino. - Segue a claridade do pão que deste, um dia, por amor, e livrar-te-ás, em definitivo, do sofrimento nas trevas.
E Barsabás acompanhou o tênue raio que se desprendia daquela gota estelar mas, em vez de elevar-se às Alturas, encontrou-se numa carpintaria humilde da própria Terra.
Um homem calejado aí refletia, manobrando a enxó em pesado lenho...
Era Jonakim, aos quarenta de idade.
Como se estivessem os dois ligados através daquele doce fio de luz, Barsabás abraçou-se a ele, qual viajante abatido, de volta ao calor do lar... (...)
Decorrido um ano, Jonakim, o carpinteiro, ostentava, sorridente, nos braços, mais um filhinho, cujos louros cabelos emolduravam belos olhos azuis.
Com a benção de um pão dado a um menino triste, por espírito de amor puro, conquistara Barsabás, diante das Leis Eternas, o prêmio de renascer para redimir-se.

Chico Xavier- Da obra: O Espírito da Verdade. Ditado pelo Espírito Irmão X

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

IMPACIÊNCIA

Assunto importante nas áreas da paciência> a cura da impaciência que freqüentemente alimentamos a detrimento de nós próprios.
Se somarmos os dias e os minutos que sacamos nos créditos do tempo, a fim de acalentar irritação contra nós mesmos, verificaremos que o desespero manifesto ou imanifesto se nos erige na existência em fator de dilapidação, desencadeando enfermidade ou desequilíbrio, desastre ou morte prematura.
E não só no setor de prejuízo pessoal que o tema nos merece reflexão.
A intemperança mental, ä frente de nossas fraquezas ou desacertos, gera nos outros azedume ou desânimo, tristeza ou prevenção, estragando-lhes a vida.
Nas horas que nos conscientizamos, acerca dos erros que nos sejam próprios, acalmemo-nos para pensar, ao invés de lastimar-nos sem proveito.
Registrar as nossas falhas, diligenciando saná-las ou suprimi-las, de vez que, menosprezando responsabilidades e compromissos, menosprezamos a nós mesmos.
Devemos examinar-nos com paciência e coragem que nos induzam a melhoria.
Teremos errado, fracassado, destruído recursos ou sofrido ilusões e desilusões.
Queixa inútil ou autopiedade, porém, não edificam.
Reconheçamos com sinceridade os obstáculos, mutilações morais, conflitos e deficiências que ainda nos caracterizam o modo de ser o que comente nos fazem cair no chão do arrependimento.
Entretanto, não nos permitamos permanecer estirados em angústia vazia e, sim, compreendendo os tesouros do tempo de que a Divina Providência nos enriqueceu, procuremos reerguer-nos, trabalhar, corrigir-nos e burilar-nos, tantas vezes quantas se nos façam necessárias, porque a impaciência, de qualquer modo, de nada nos serve e nem ajuda a ninguém.
Emmanuel, psicografia de Chico Xavier

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A grande transição

Opera-se, na Terra neste largo período, a grande transição anunciada pelas Escrituras e confirmada pelo Espiritismo.
O planeta sofrido experimenta convulsões especiais, tanto na sua estrutura física e atmosférica, ajustando as suas diversas camadas tectônicas, quanto na sua constituição moral.
Isto porque, os espíritos que o habitam, ainda caminhando em faixas de inferioridade, estão sendo substituídos por outros mais elevados que o impulsionarão pelas trilhas do progresso moral, dando lugar a uma era nova de paz e de felicidade.
Os espíritos renitentes na perversidade, nos desmandos, na sensualidade e vileza, estão sendo recambiados lentamente para mundos inferiores onde enfrentarão as consequencias dos seus atos ignóbeis, assim renovando-se e predipondo-se ao retorno planetário, quando recuperados e decididos ao cumprimento das leis de amor.
Por outro lado, aqueles que permaneceram nas regiões inferiores estão sendo trazidos à reencarnação, de modo a desfrutarem da oportunidade de trabalho e de aprendizado, modificando os hábitos infelizes a que se têm submetido, podendo avançar sob a governança de Deus.
Caso se oponham às exigências da evolução, também sofrerão um tipo de expurgo temporário para regiões primárias entre as raças atrasadas, tendo o ensejo de ser úteis e de sofrer os efeitos danosos da sua rebeldia.
Concomitantemente, espíritos nobres que conseguiram superar os impedimentos que os retinham na retaguarda, estarão chegando, a fim de promoverem o bem e alargarem os horizontes da felicidade humana, trabalhando infatigavelmente na reconstrução da sociedade, então fiel aos desíginios divinos.
Da mesma forma, missionários do amor e da caridade, procedentes de outras Esferas estarão revestindo-se da indumentária carnal para tornar essa fase de luta iluminativa mais amena, proporcionando condições dignificantes que estimulem ao avanço e à felicidade.
Não serão apenas os cataclismos físicos que sacudirão o planeta, como resultado da lei de destruição, geradora desses fenômenos, como ocorre com o outono que derruba a folhagem das árvores, a fim de que possam enfrentar a invernia rigorosa, renascendo exuberantes com a chegada da primavera, mas também os de natureza moral, social e humana que assinalarão os dias tormentosos, que já se vivem.
Os combates apresentam-se individuais e coletivos, ameaçando de destruição a vida com hecatombes inimagináveis.
A loucura, decorrente do materialismo dos indivíduos, atira-os no abismos da violência e da sensatez, ampliando o campo do desespero que se alarga em todas as direções.
Esfacelam-se os lares, desorganizam-se os relacionamentos afetivos, desestruturam-se as instituições, as oficinas de trabalho convertem-se em áreas de competição desleal, as ruas do mundo transformam-se em campos de lutas perversas, levando de roldão os sentimentos de solidariedade e de respeito, de amor e de caridade...
A turbolência vence a paz, o conflito domina o amor, a luta desigual substitui a fraternidade.
... Mas esses ocorrências são apenas o começo da grande tranformação.
A fatalidade da existência humana e a conquista do amor que proporciona plenitude
Há, em toda a parte, uma destinação inevitável, que expressa a ordem universal e a presença de uma Consciência Cósmica atuante.
A rebeldia que predomina no comportamento humano elegeu a violência como instrumento para conseguir o prazer que lhe não chega de maneira espontânea, gerando lamentáveis consequências, que se avolumam em desaires continuos.
É inevitável a colheita da sementeira por aqueles que a fez, tornando-se rico de grãos abençoados ou de espículos venenosos.
Como as leis da vida não podem ser derrogadas, todo objeção que lhes faz converte-se em aflição, impedindo a conquista do bem-estar.
Da mesma forma, como o progresso é inevitável, o que não seja conquistado através do dever, selo-á pelos impositivos estruturais de que o mesmo se constitui.
A melhor maneira, portanto, de compartilhar conscientemente da grande transição é através da consciência de responsabilidade pessoal, realizando as mudanças íntimas que se tornem próprias para a harmonia do conjunto.
Nenhuma conquista exterior será lograda se não proceder das paisagens íntimas, nas quais estão instalados os hábitos. Esses, de natureza perniciosa, devem ser substituídos por aqueles que são saudáveis, portanto, propiciatórios de bem-estar e de harmonia emocional.
Na mente está a chave para que seja operada a grande mudança. Quando se tem domínio sobre ela, os pensamentos podem ser canalizados em sentido edificante, dando lugar a palavras corretas e a atos dignos.
O indivíduo, que se renova moralmente, contribui de forma segura para as alterações que se vêm operando no planeta.
Não é necessário que o turbilhão dos sofrimentos gerais o sensibilize, a fim de que possa contribuir eficazmente com os espíritos que operam em favor da grande transição.
Dispondo das ferramentas morais do enobrecimento, torna-se cooperador eficiente, em razão de trabalhar junto ao seu próximo pela mudança de convição em torno dos objetivos existenciais, ao tempo em que se transforma num exemplo de alegria e de felicidade para todos.
O bem fascina todos aqueles que o observam e atrai quantos se encontram distantes da sua ação, o mesmo ocorrendo com a alegria e a saúde.
São eles que proporcionam o maior contágio de que se tem notícia e não as manifestações aberrantes e afligentes que parecem arrastar as multidões. Como escasseiam os exemplos de júbilo, multiplicam-se os de desespero, logo ultrapassados pelos programas de sensibilização emocional para a plenitude.
A grande transição prossegue, e porque se faz necessária, a única alternativa é examinar-lhe a maneira de como se apresenta e cooperar para que as sombras que se adensam no mundo sejam diminuidas pelo Sol da imortalidade.
Nenhum receio deve ser cultivado, porque, mesmo que ocorra a morte, esse fenômeno natural é veículo da vida que se manifestará em outra dimensão.
A vida sempre responde conforme as indagações morais que lhe são dirigidas.
As aguardadas mudanças que se vêm operando trazem uma ainda não valorizada contribuição, que é a erradicação do sofrimento das paisagens espirituais da Terra. Enquanto viceje o mal, no mundo, o ser humano torna-se-lhe vítima preferida, em face do egoísmo em que se estorcega, apenas por eleição espiritual.
A dor momentânea que o fere, convida-o por outro lado, à observância das necessidades de seguir a correnteza do amor no rumo do oceano da paz.
Logo passado o período de aflição, chegará o da harmonia.
Até lá, que todos os investimentos sejam de bondade e de ternura, de abnegação e de irrestrita confiança em Deus.

Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, do Espírito Joanna de Ângelis, no dia 30 de Julho de 2006, no Rio de Janeiro, RJ. Publicada na revista Presença Espírita, setembro/outubro 2006, Nº 256, páginas 28 e 29

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Os Espíritas e as Eleições

"O Espiritismo não cria a renovação social: A MADUREZA DA HUMANIDADE É QUE FARÁ DESSA RENOVAÇÃO UMA NECESSIDADE. Pelo seu poder moralizador, por suas tendências progressistas, pela amplitude de vistas, pela generalidade das questões que abrange, o Espiritismo é mais apto do que qualquer outra doutrina para secundar o movimento de regeneração; por isso, é ele contemporâneo desse movimento. Surgiu na hora em que podia ser de utilidade, visto que também para ele os tempos são chegados". (in A Gênese, de Allan Kardec - ed. FEB).

Esclarecem os Espíritos, em O Livro dos Espíritos que o progresso moral decorre do progresso intelectual, porém nem sempre a ele se segue (Questão n.º 780).

Nós espíritas sabemos que temos um compromisso intransferível com a reforma íntima: "Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas más inclinações". (Cap. XVII, item 4, "in fine" de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec). Mas, ESSE APERFEIÇOAMENTO PESSOAL DEVE REFLETIR-SE EM NOSSA ATUAÇÃO CONSCIENTE PARA TRANSFORMAR A SOCIEDADE EM UMA SOCIEDADE JUSTA E AMOROSA, pois advertem os Espíritos: "Numa sociedade organizada segundo as leis do Cristo, ninguém deve morrer de fome" e adita Allan Kardec:

"... Quando praticar (o homem) a Lei de Deus, terá uma ordem social fundada na justiça e na solidariedade e ele próprio será melhor". (Questão 930 de O Livro dos Espíritos).

Destaca-se, então, o compromisso do espírita com uma nova ordem social, fundada no Direito e no Amor. Obviamente, essa transformação dependerá da ação consciente dos bons e ao lado deles, os espíritas atuando com uma "consciência política", fundamentada nos princípios éticos das Leis Morais de O Livro dos Espíritos.

Portanto, não pode o espírita alienar-se da sociedade e não agir, com conhecimento e amor, nessa transformação, em importante momento histórico da civilização humana: "Aproxima-se o tempo em que se cumprirão as coisas anunciadas para a transformação da Humanidade". (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XX, item 5º).

Observando a ousadia da maldade e a confusão entre bondade e omissão, Allan Kardec indagou aos Espíritos: "Porque, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons?

R - "Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes, os bons são tímidos. QUANDO ESTES O QUISEREM, PREPONDERARÃO". (Questão 932 de O Livro dos Espíritos - Ed. FEB).

A resposta é clara e precisa, não permite dúvidas àqueles que pretendem ser bons.

O mundo e, especificamente, a estrutura social brasileira, está precisando de transformações urgentes para coibir a ação dos maus que solapam os bons costumes, que semeiam a miséria, que se utilizam dos instrumentos da corrupção, da fraude e da mentira para atingirem seus objetivos egoísticos e antiéticos.

Momento significativo para a transformação da sociedade é a realização de eleições para os poderes Legislativo e Executivo. EM BREVE SEREMOS CHAMADOS ÀS URNAS. O ESPÍRITA PRECISA ESTAR CONSCIENTE DA SUA RESPONSABILIDADE NESSE MOMENTO, seja pleiteando cargos eletivos, seja simplesmente depositando o seu voto na urna.

O VOTO É UMA PROCURAÇÃO QUE SE PASSA AO CANDIDATO PARA QUE, SE ELEITO, ELE AJA EM NOSSO NOME A BEM DA COLETIVIDADE. É a maior manifestação de amor ao povo. Não votar, anular o voto, omitir-se é apoiar as forças do mal, é permitir que os maus sobrepujem os bons.

Para que o espírita tenha critérios de avaliação do candidato, compare a sua conduta como membro da família, na atividade profissional, seu interesse e envolvimento como a comunidade e os princípios contidos em O Livro dos Espíritos - 3a. Parte - Das Leis Morais, onde estão os conceitos sobre: o Bem e o Mal, a Sociedade, o Trabalho, o Progresso e a Igualdade, Justiça e Amor.

Porém, não se pode levar as questões político-partidárias para dentro do Centro ou Instituição Espírita.

Vote consciente. Vote com amor!

Aylton Paiva -Texto publicado no Correio Fraterno do ABC nº 357 de Outubro de 2000

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O processo político e nossas responsabilidades

Como ignorar o processo de transição política, na renovação de cargos do governo? Conquistamos o direito das eleições diretas e agora temos a opção de escolha dos candidatos diretamente vinculada ao voto nas urnas.

Mas como agir diante dos quadros gritantes de corrupção e verdadeiro caos de distorções dos objetivos democráticos e da ciência política? Não é preciso reprisar a história, não é mesmo? Nem tampouco falar sobre a autêntica “piada” dos repetidos discursos, dos ataques mútuos, da luta desenfreada pela conquista do poder e dos interesses que movem a paixão política. Ou devermos falar das manipulações de bastidores de candidatos e partidos que perdem a noção da coerência e justiça para convencer o eleitor? Não, não é preciso. É evidente demais e nossa história nacional recente deixou marcas e lesões irreversíveis.

Mas, então, o que fazer? As eleições aí estão. Deveremos, obrigatoriamente, comparecer às urnas. Em quem, afinal, votaremos?

Bom, o voto é direito e dever caracterizado pelo sigilo, embora escancarado nas opções declaradas em adesivos e bandeiras estampadas em carros e residências e na declaração verbal aberta e muitas vezes agressiva que desonram o direito da opção.

Tudo isso, porém, são ocorrências já conhecidas do cotidiano brasileiro. O ponto central que deve ficar marcante para todos nós, eleitores, é a responsabilidade que assumimos com o voto. Sim, claro, colocamos no poder pessoas inescuprulosas, despreparadas, que buscam interesses pessoais a todo custo ou interesses específicos de determinados grupos, em detrimento do interesse coletivo nacional que deve ser o foco principal.

Uma vez conquistado o direito das DIRETAS, assumimos responsabilidade coletiva, com desdobramentos futuros. Nada mais lógico. Tornamo-nos co-responsáveis pelos destinos do país, na legislação, nas ações do governo, pois nosso voto coloca esse ou aquele no poder, que pode gerar verdadeiros desastres econômicos, culturais, sociais e outros que a história já conheceu sobejamente.

Alguém poderia perguntar: mas a responsabilidade do político em si. É ainda mais grave. Agirá e sua ação vai gerar responsabilidades que exigirão reparações caso lesem o patrimônio público, a nacionalidade, os valores culturais e morais da sociedade.

Mas os eleitores também assumimos responsabilidade. E grave responsabilidade!

É preciso agora pensar e refletir, estudar e ponderar os caminhos dos partidos, suas propostas a favor ou contra a vida, dos destinos políticos que desejam impor ao país, dos favorecimentos ilícitos de seus candidatos em sua história política.

O momento, todavia, traz à reflexão o estudo da liberdade. Sim, a liberdade de escolha. Permito-me adaptar, com transcrições parciais, algumas reflexões:

a) Nâo há uma liberdade absoluta porque todos necessitamos uns dos outros;
b) Desde que haja dois seres humanos juntos, eles têm direitos a respeitar e não têm mais, por conseguinte, liberdade absoluta.;
c) Quanto mais inteligência tenha um homem para compreender um princípio, menos é escusável de não aplicá-lo a si mesmo;
d) O homem simples, mas sincero, está mais avançado do que aquele que quer parecer o que não é;
e) O mal é sempre o mal, e todos os sofismas não farão que uma ação má se torne boa;
f) Constranger os homens a agirem de modo contrário ao que pensam, é torná-los hipócritas. A liberdade de consciência é um dos caracteres da verdadeira civilização e do progresso;
g) Quais os sinais para se reconhecer doutrinas com expressão da verdade? Será aquela que faz mais homens de bem e menos hipócritas, porque toda doutrina que tiver por conseqüência semear a desunião e estabelecer divisões de interesses não pode ser senão falsa e perniciosa.

Tais itens, acima enumerados, adaptados em transcrição parcial do capítulo X – Livro Terceiro – Lei de Liberdade, de O Livro dos Espíritos, questões 825 a 872, podem ser estudadas para embasamento do momento político que vivemos no Brasil, para formação dessa consciência do exercício de voto.

E por falar em escolhas, não posso deixar de sugerir ao leitor – até para embasar o estudo da velha questão humana – o romance A Escolha (bem sugestivo o título para esse instante das opções políticas, embora o livro não envolva política nem votos), psicografado por Ariovaldo Cesar Junior e ditado pelo Espírito Florisbela de Assis, numa trama que apresenta os desdobramentos de uma escolha equivocada... Trata exatamente de uma estudante que, para aumentar seus rendimentos, opta pela prostituição. Uma escolha, sem dúvida, determinada pela liberdade individual, tema que nos motivou a presente abordagem, com os desdobramentos que a bela história em si traz ao leitor, com muitos ensinamentos.

Estaremos também nesse momento político do Brasil fazendo escolhas equivocadas? Estaremos prostituindo também o voto como a personagem do livro? OU estamos realmente nos esforçando para exercer o direito e o dever de voto com lealdade à consciência?

São respostas que só podem ser obtidas individualmente.

Texto de Orson Peter Carrara