quarta-feira, 7 de abril de 2010

Olho por olho e dente por dente

"Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: Não resistais ao perverso; mas a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pede, e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes."
Mateus 5, 38-42:

Estamos vivendo em meio à mais desenfreada violência.
Ligamos a TV e somos praticamente bombardeados com notícias totalmente sangrentas.
Os mais variados e absurdos tipos de violência nos são expostos pela mídia como se fossem simples itens do cardápio de um grande restaurante.
Isso acontece tanto na imprensa falada quanto na escrita.
E para coroar toda essa onda, quando vamos ao cinema, estes nos trazem altíssimas doses de cenas verdadeiramente apocalípticas.
Tudo versa sobre violência. É o que dá Ibope. É o que vende rápido.
Infelizmente. Mas com graves consequências.
Violência que acaba rendendo mais violência, pois de tanto sermos expostos a ela, acabamos
nos tornando imunes, apáticos e insensíveis a quase tudo.
Viramos zumbis robotizados.
Somos capazes de tomar o nosso café da manhã ouvindo as "últimas sangrentas notícias" e sequer percebemos o quanto este alimento nos desce envenenado.
Mas não somos inocentes.
Sabemos o que fazemos bem como as consequências de todos os nossos atos.
A Ciência moderna já consegue entender que o pensamento é força criadora e portanto, temos que ser mais responsáveis.
Se pensamos mal, acabamos agindo mal também.
E na medida em que nos "ligamos" aos milhares de outros pensamentos, sintonizados na mesma onda mental que a nossa, acabamos ajudando a construir verdadeiros monstros à nossa volta.
Estamos por assim dizer, ajudando a alimentar esta onda de violência na mesma proporção em que dela nos alimentamos.
Sim, todas as vezes em que assistimos aos noticiários dessas TVs que vendem tragédias ou quando lemos livros que nos fazem criar imagens mentais violentas, ou quando assistimos a um filme cujo único propósito é nos inundar com cenas extremamente pesadas e violentas, nos tornamos cúmplices também.
E mesmo nas nossas pequenas atitudes, que por conta da pressa da vida, que deixamos de prestar atenção.
Se prestarmos a atenção em todas as vezes que pegamos os nossos carros e nos transformamos em criaturas agressivas e violentas, que xingam e se irritam por absolutamente qualquer coisa, poderemos perceber no quanto estamos nos tornando cúmplices dessa violência coletiva também.
Ou até mesmo quando incentivamos os nossos filhos a "não trazer desaforo para casa".
Se esqueço que o simples sorriso pode mudar o dia de quem o recebe.
Ou do quanto um singelo "Desculpe" pode transformar um mal-entendido.
Somos cristãos mas não entendemos nada sobre sermos cristãos.
Queremos abrir nossos caminhos na força, na marra.
E não admitimos perder nenhuma briga, afinal isso pode significar fraquesa.
Mas eu digo que sou "cristão".
Como posso eu amar justamente aquele que acabou de me dar um cheque sem fundo?
Ou como posso não desejar o pior para aquela pessoa que tanto me prejudicou no trabalho?
E pior ainda, como não querer que aquela criatura que está na mídia por ter cometido um crime hediondo não seja condenada à morte?
Há dois mil anos, ouvimos ensinamentos tão importantes que se fossem seguidos realmente, nos levariam à verdadeira felicidade. Felicidade que não era desse mundo.
O que nos confunde é o fato de acharmos que a Terra é nosso ponto final.
E não é.
Fazemos apenas pequenos estágios por aqui.
É nossa Escola de progresso.
Para outros é Hospital para curas difíceis.
E ainda para outros, é Presídio, onde vivem confinados dentro de corpos que são verdadeiras celas lacradas.
Mas acreditem, a Terra NUNCA foi nem NUNCA será colônia de férias ou hotel de luxo, embora muitos assim acreditem.
Precisamos compreender que aquele a quem hoje chamamos de besta-fera amanhã terá que se levantar, trabalhar, progredir e ser chamado de homem.
E ele o fará.
Tal é a Lei.
Necessitamos entender que penas de morte são apenas fantasias.
O espírito é Eterno.
E aquela criatura cuja vida foi ceifada se transformará em possível obssessor.
Voltar a outra face a quem lhe bate, sofrer prejuízos sem reclamar é condição do homem muito evoluído.
Para o homem comum, cuja grande maioria somos nós, já é um grande avanço não devolvermos o mal recebido. É sinal de estarmos na direção correta. De que estamos caminhando.
É claro que nem sempre conseguimos perdoar, mas sabemos que iremos, um dia.
Huberto Rohden, no seu livro, "Sermão da Montanha", coloca o ensinamento de Jesus a nível coletivo, de nações, e de sociedades constituídas.
Sem o perdão, não haverá paz nunca.
Se não entendermos que o nosso inimigo de hoje poderá ser nosso filho amanhã, jamais caminharemos.
E jamais seremos felizes.
Rohden fala, ainda, sobre a matemática absurda de Moisés: se alguém me furar um olho ou quebrar um dente, eu devo furar-lhe um olho e quebrar-lhe um dente para que fique quite.
Está errado: um negativo dele, mais um negativo meu, somam dois negativos.
Isto quer dizer que criamos dois males no mundo.
E mais: cada ofensa exige uma outra, e assim vamos piorando o mundo.
Jesus ensina que o negativo (mal) só se anula com o positivo (bom).
Mahatma Gandhi, justamente por ser uma grande alma, compreendeu e praticou admiravelmente essa matemática espiritual do Cristo, dando à não resistência o nome sanscrito de ahimsa.
Discorrendo sobre a caridade, Jesus aconselhou que uma das nossas mãos não soubesse o que fazia a outra.
Fala da ação caridosa discreta, sem exibicionismo, sem humilhar o beneficiado, sem manchetes de jornais.
Jesus nos ensina que não devemos exigir, nem esperar agradecimentos ou reconhecimentos.
Devemos fazer e esquecer que fizemos. Assim não teremos decepções.
Contudo, por nossa vez precisamos aprender a ser gratos quando somos beneficiados, pois, quem não sabe agradecer, acaba sendo esquecido pela vida.
Precisamos aprender a nos acalmar.
Encontrar dentro de nós o nosso "oásis".
A prece é nosso caminho.
Ela nos conduz até nosso Pai e nos alimenta e fortifica o espírito.
E quando oramos, elevamos os nossos pensamentos até as Esferas Superiores e consequentemente entramos em sintonia com as milhares de mentes que se encontram naquela mesma faixa vibratória e então, em perfeita sintonia, conseguimos entender, ainda que pálidamente, o verdadeiro significado da palavra Amor.
Sejamos melhores então.
Comecemos dentro de nós primeiro.
Em cada pequeno gesto.
Em cada singela palavra dirigida a quem quer que seja.
E a cada vez que assim fizermos, sentiremos dentro de nós o bem-estar que apenas as boas atitudes conseguem nos dar.

Que Jesus nos guie sempre!

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